A Missão “Sistema País em Movimento”

A arte da guerra

Enfim «a crise está terminada» na Itália: isso foi o que  anunciou, não em Roma, mas em Abu Dabi, o presidente do conselho Letta, em visita de 1 de janeiro a 4 de fevereiro nos Emirados Árabes Unidos, em Qatar e em Kuweit. “Essa é uma visita para convidar as monarquias do Golfo a investir no nosso país, o qual tem «um plano ambicioso de privatizações».” Depois da Alitalia, (companhia aérea já privatizada) outras jóias da família estão na fila da liquidação: Fincantieri, Postes e Sace (grupo que «assegura seu negócio no mundo»). Os trabalhadores italianos que receiem ainda outros golpes sombrios ao emprego, e aos direitos adquiridos, podem ficar tranquilos: eles serão protegidos pelos investidores das monarquias do Golfo, onde o soberano detém o poder legislativo, executivo e judiciário, e o exerce por intermédio de um governo que ele mesmo nominou, e onde os partidos políticos, e as organizações sindicais, são consideradas como ilegais.

Paralelamente, anunciou Letta, «a Itália que dispõe de alta-tecnologia, está pronta a investir no Golfo». Com esse fim, no último dezembro, a Exposição flutuante de armas fez um roteiro as monarquias do Golfo a bordo do porta-aviões “Cavour”, onde lado a lado aos aviões e helicópteros de guerra, canhões e mísseis, são também expostas cintilantes Ferraris, Lamborghinis, Maseratis e outras «excelências italianas», as quais tem como objetivo final o levar aos porta-moedas dos dignitários do Golfo e das elites africanas. A missão «Sistema País em Movimento», efectuada pelo porta-aviões“Cavour”, e três outros navios de guerra, foi organizada em grande pressa para antecipar-se a concorrência francesa do porta-aviões Charles de Gaulle, o qual flanqueado de quatro embarcações, das quais uma era um submarino nuclear de ataque, levantou  sua âncara a caminho do Golfo, duas semanas depois do “Cavour”.

Entretanto, a missão francesa esteve melhor preparada. Em Abu Dabi, de quando a missão “Cavour” se limitou a manobra com uma corvette dos emirados, o Charles de Gaulle efetuou, em janeiro, uma grande manobra com as forças navais e aéreas dos Emirados. Nessa participaram também os aviões de caça Rafale, que a França tenta vender aos Emirados, depois de eles terem se recusado a comprar por $ 6.000.000.000 de dólares, 60 caças Eurofighter Typhoon, construidos por um consórcio formado pela Alemanha, Grã-Bretanha, Itália e Espanha. Mas “tra i due litiganti il terzo gode” (provérbio italiano que diz que quando dois brigam, o terceiro tira proveito, NoT):

Como as probabilidades indicam deverá ser a sociedade americana Lockheed Martin que venderá aos Emirados uns sessenta aviões de caça F-16.  Em Abu Dabi os Estados Unidos dispõem da base aérea Al Dhafra, a qual foi utilizada para as guerras do Iraque e Afeganistão, o que incluiria também, depois de 2009,  a base francesa do “Camp de la Paix”: Essas duas bases estão situadas na foz do Golfo Pérsico, localizada  frente ao Irã. Certamente que haverá gente em Roma que estará pensando que a Itália também deveria se instalar militarmente nessa zona estratégica, como ela o fez em Djibouti, na foz do Mar Vermelho.

Entretanto, nesse meio tempo o grupo naval “Cavour” prosseguia sua missão: depois do giro promocional no Golfo, ele começou a volta a África, fazendo escala, depois de Djibouti, em Kenia, Madagascar, e em Moçambique. “Cavour” vai amanhã baixar âncara na África do Sul. Depois o grupo subirá a costa ocidental da África para reentrar na Itália, em abril, isso então depois de uma viagem de cinco meses. Não se sabe quantas armas e Ferraris serão afinal vendidas; sabe-se por outro lado que o custo da missão já engoliu  22 milhões de euros dos 33 milhões previstos, ao qual ainda se ajuntarão os direitos dos portos, a cada escala. Entretanto, numerosas obras de beneficiência foram realizadas: como por exemplo a do réveillon do ano novo, feita a bordo do “Cavour”, com um  leilão de caros objetos de valor, postos a disposição por Versace e Maserati;  deram-se também «as visitas de ofitalmologia, medicina da visão, oferecida as crianças pobres africanas».

 

Isso seria então antes que fechassen seus olhos, devido a fome, ou as guerras, para a criação das quais  a missão “Cavour” está dando a sua contribuição.

Manlio Dinucci

 

Edição de 4 de fevereiro do il manifesto

http://ilmanifesto.it/il-sistema-paese-in-movimento/

Tradução Anna Malm – http://artigospoliticos.wordpress.com



Articles Par : Manlio Dinucci

A propos :

Manlio Dinucci est géographe et journaliste. Il a une chronique hebdomadaire “L’art de la guerre” au quotidien italien il manifesto. Parmi ses derniers livres: Geocommunity (en trois tomes) Ed. Zanichelli 2013; Geolaboratorio, Ed. Zanichelli 2014;Se dici guerra…, Ed. Kappa Vu 2014.

Avis de non-responsabilité : Les opinions exprimées dans cet article n'engagent que le ou les auteurs. Le Centre de recherche sur la mondialisation se dégage de toute responsabilité concernant le contenu de cet article et ne sera pas tenu responsable pour des erreurs ou informations incorrectes ou inexactes.

Le Centre de recherche sur la mondialisation (CRM) accorde la permission de reproduire la version intégrale ou des extraits d'articles du site Mondialisation.ca sur des sites de médias alternatifs. La source de l'article, l'adresse url ainsi qu'un hyperlien vers l'article original du CRM doivent être indiqués. Une note de droit d'auteur (copyright) doit également être indiquée.

Pour publier des articles de Mondialisation.ca en format papier ou autre, y compris les sites Internet commerciaux, contactez: [email protected]

Mondialisation.ca contient du matériel protégé par le droit d'auteur, dont le détenteur n'a pas toujours autorisé l’utilisation. Nous mettons ce matériel à la disposition de nos lecteurs en vertu du principe "d'utilisation équitable", dans le but d'améliorer la compréhension des enjeux politiques, économiques et sociaux. Tout le matériel mis en ligne sur ce site est à but non lucratif. Il est mis à la disposition de tous ceux qui s'y intéressent dans le but de faire de la recherche ainsi qu'à des fins éducatives. Si vous désirez utiliser du matériel protégé par le droit d'auteur pour des raisons autres que "l'utilisation équitable", vous devez demander la permission au détenteur du droit d'auteur.

Contact média: [email protected]