A Wall Street por trás do golpe de Estado no Brasil

O controle sobre a política monetária e a reforma macroeconómica era o objectivo final do Golpe de Estado. As nomeações chave do ponto de vista da Wall Street são o Banco Central, o qual domina a política monetária bem como as transacções de divisas estrangeiras, o Ministério das Finanças e o Banco do Brasil.
Por conta da Wall Street e do « Consenso de Washington », o « governo » interino pós-golpe de Michel Temer nomeou um antigo presidente-executivo da Wall Street (com cidadania estado-unidense) para a chefia do Ministério das Finanças.
Henrique de Campos Meirelles, antigo presidente do Fleet Boston Financial’s Global Banking (1999-2002) e antigo governador do Banco Central sob a presidência Lula foi nomeado ministro das Finanças em 12 de Maio.
Antecedentes históricos
A divisa do Brasil sob o Real está fortemente dolarizada. Operações de dívida interna são conducentes à ascensão da dívida externa. A intenção da Wall Street é manter o Brasil num colete de força monetário.
Desde o governo de Fernando Henrique Cardoso, a Wall Street tem exercido controle sobre nomeações económicas chave incluindo o Ministério das Finanças, o Banco do Brasil e o Banco Central. Sob os governo de Fernando Henrique Cardoso e Luís Ignácio da Silva (Lula), as nomeações do governador do Banco Central eram aprovadas pela Wall Street.
Nomeações de Cardoso, Lula e Temer no interesse da Wall Street
Arminio Fraga: Presidente do Banco Central (4/Março/1999 – 1/Janeiro/2003),
administrador de hedge fund e associado de George Soros, Quantum Fund, Nova York, cidadania dual Brasil-EUA.
Henrique de Campos Meirelles: Presidente do Banco Central (1/Janeiro/2003 – 1/Janeiro/2011). Cidadania dual Brasil-EUA. Presidente e Executivo-Chefe de Operações do Banco de Boston (1996-99) e presidente do FleetBoston Financial’s Global Banking (1999-2004). Em 2004 o FleetBoston fundiu-se com o Bank of America. Antes da fusão com o Bank of America o FleetBoston era o sétimo maior banco dos EUA. O Bank of America é actualmente o segundo maior banco dos EUA.
Depois de ter sido afastado por Dilma em 2010, Meirelles retornou. Ele foi nomeado ministro das Finanças pelo « presidente interino » Michel Temer.
Ilan Goldfajn , economista chefe do Itaú, o maior banco privado brasileiro. Goldfajn [Goldfein] foi nomeado pelo « governo » interino de Michel Temer como governador do Banco Central (16/Maio/2016). Cidadania dual Israel-Brasil.
Goldfajn trabalhara anteriormente no Banco Central sob Armínio Fraga bem como sob Henrique Meirelles. Ele tem laços pessoais estreitos com o Prof. Stanley Fischer, actualmente vice-governador do US Federal Reserve. Não é preciso dizer que a nomeação de Goldfajn foi aprovada pelo FMI, pelo Tesouro dos EUA, pela Wall Street e pela Reserva Federal dos EUA.
Convém notar que Stanley Fischer teve anteriormente o posto de vice-administrador director do FMI e de governador do Banco Central de Israel. Tanto Fischer como Goldfajn são cidadãos israelenses, ligados ao lobby pró Israel.
Nomeado de Dilma Rousseff para o Banco Central, não aprovado pela Wall Street
Alexandre Antônio Tombini, governador do Banco Central (2011-2016). Carreira oficial no Ministério das Finanças. Cidadania: Brasil
Antecedente histórico
No princípio de 1999, no seguimento imediato do ataque especulativo contra a divisa nacional do Brasil (Real), o presidente do Banco Central, Professor Francisco Lopes (que fora nomeado na quarta-feira negra de 13/Janeiro/1999) foi demitido imediatamente após e substituído por Armínio Fraga, um cidadão estado-unidense e empregado de George Soros no Quantum Fund em Nova York.
« A raposa foi nomeada como guarda do galinheiro ».
Mais concretamente, especuladores da Wall Street ficaram responsáveis pela política monetária do Brasil.
Sob o governo Lula, Henrique Campos Meirelles foi nomeado presidente do Banco Central do Brasil. Ele actuara anteriormente como presidente e CEO numa maiores instituições financeiras da Wall Street. O FleeBoston era o segundo maior credor do Brasil, após o Citigroup. Para dizer o mínimo, ele tinha um conflito de interesses. Sua nomeação foi acordada antes do acesso de Lula à presidência.
Henrique Meirelles foi um firme apoiante do controverso Plano Cavallo da Argentina na década de 1990: um « plano de estabilização » da Wall Street que infligiu destruição económica e social. A estrutura essencial do Plano Cavallo da Argentina foi replicada no Brasil sob o Plano Real, nomeadamente a imposição de uma divisa nacional dolarizada convertível (o Real). O que este esquema implica é que a dívida interna é transformada numa dívida externa denominada em dólar.
Com o acesso de Dilma à presidência, em 2011, Meirelles não foi reconduzido à presidência do Banco Central.
Soberania em política monetária
O ministro das Finanças Meirelles, sob o « governo » interino, apoia a assim chamada « independência do Banco Central ». A aplicação deste falso conceito implica que o governo não deveria intervir em decisões do Banco Central. Mas não há restrições quanto às « Raposas da Wall Street ».
A questão da soberania em política monetária é crucial. O objectivo do golpe de Estado foi negar a soberania do Brasil na formulação da política macroeconómica.
Raposa da Wall Street
Sob Dilma, a « tradição » de seleccionar uma « raposa da Wall Street » fora abandonada com a designação de Alexandre Antônio Tombini, um funcionário de carreira do governo, que encabeçou o Banco Central do Brasil de 2011 a Maio de 2016.
Com o acesso de Michel Temer a « presidente interino », Henrique Campos Meirelles foi nomeado ministro das Finanças. Por sua vez, Meirelles nomeou seus próprios comparsas para chefiar o Banco Central e o Banco do Brasil. Meirelles foi descrito pelos media dos EUA como « amigo do mercado ».
Nomeações económicas de Michel Temer:
Henrique de Campos Meirelles, ministro das Finanças,
Ilan Golfajn, Presidente do Banco Centrl do Brasil, comparsa nomeado por Meirelles
Paulo Caffarelli, Banco do Brasil, comparsa nomeado por Meirelles
Notas conclusivas
O que está em causa através de vários mecanismos – incluindo operações de inteligência, manipulação financeira, propaganda nos media – é a desestabilização absoluta da estrutura do estado brasileiro e da economia nacional, não mencionando o empobrecimento em massa do povo brasileiro.
Os EUA não querem tratar ou negociar com um governo soberano reformista e nacionalista. O que querem é um submisso estado proxy dos EUA.
Lula foi « aceitável » porque seguia as instruções da Wall Street e do FMI.
Enquanto a agenda política prevaleceu sob Rousseff, uma agenda reformista-populista era também implementada a qual afastava-se dos fundamentos macroeconómicos patrocinados pela Wall Street durante a presidência Lula. Segundo o director administrador do FMI Heirich Koeller (2003) Lula era o « Nosso melhor presidente »:
« Sou entusiasta [da administração Lula]; mas é melhor dizer que estou profundamente impressionado pelo Presidente Lula » ( IMF Press Conference , 2003).
Sob Lula, não havia necessidade de « mudança de regime ». Luís Ignácio da Silva havia endossado o « Consenso de Washington ».
O afastamento temporário de Henrique Campos Meirelles a seguir à eleição de Dilma Rousseff foi crucial. A Wall Stree não aprovou nomeações de Dilma para o Banco Central e o Ministério das Finanças.
Se Dilma houvesse optado por manter Henrique Meirelles, mais provavelmente o golpe de Estado não teria ocorrido.
Convém notar que o antigo presidente Lula, o qual tem um relacionamento pessoal estreito com Meirelles, havia recomendado à presidente Dilma que nomeasse Meirelles para a posição de ministro das Finanças como um meio de evitar o seu impeachment.

O regime proxy dos EUA em Brasília
Um antigo presidente de uma das maiores instituições financeiras da América (e cidadão americano) controla as instituições financeiras chave do Brasil e estabelece a agenda macroeconómica e monetária para um país de mais de 200 milhões de habitações.
Isto é chamado um Golpe de Estado… pela Wall Street.
Michel Chossudovsky
O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/wall-street-behind-brazil-coup-d-etat/5526715
Este artigo em português foi traduzido por Resistir .