O « nosso homem em Tripoli »: Oposição líbia inclui terroristas islâmicos
Há várias facções no interior da oposição líbia: Monárquicos, desertores do regime Kadafi incluindo o ministro da Justiça e mais recentemente o ministro dos Negócios Estrangeiros Moussa Koussa, membros das Forças Armadas Líbia, a Frente Nacional para a Salvação da Líbia (NFSL na sigla em inglês), a Conferência Nacional para a Oposição Líbia (NCLO na sigla em inglês) a qual actua como uma organização superior.
Raramente reconhecido pelos media ocidentais, a Al-Jamaa al-Islamiyyah al-Muqatilah bi Libya, o Grupo de Combate Islâmico da Líbia (Libya Islamic Fighting Group, LIFG) é parte integral da oposição líbia.
O Conselho Interino Líbio (Libyan Interim Council) não constitui uma entidade claramente definida. É baseado na representação de conselhos locais recém criados estabelecidos para « administrar a vida diária nas cidades e aldeias libertadas) ». ( The Libyan Interim National Council » The Council’s statement )
As forças de oposição são em grande parte constituídas por milícias civis não treinadas, antigos das Forças Armadas Líbias juntamente com paramilitares treinados do Grupo de Combate Islâmico da Líbia (LIFG).
O LIFG, o qual está alinhado com a Al Qaeda está, segundo relatórios, na linha de frente da insurreição armada.
Tanto o LIFG como entidade como os seus membros individuais são classificados pelo Conselho de Segurança da ONU como terroristas. Segundo o Departamento do Tesouro dos EUA: « O Grupo de Combate Islâmico da Líbia ameaça a segurança global e a estabilidade através da utilização da violência e da sua aliança ideológica com a Al Qaida e outras organizações terroristas brutais » ( Treasury Designates UK-Based Individuals, Entities Financing Al Qaida -Affiliated Libyan Islamic Fighting Group – US Fed News Service , February 8, 2006)
Os conceitos estão invertidos. Tanto Washington como a NATO, que afirmam estarem a travar « uma Guerra ao Terrorismo » estão a apoiar um « movimento pró democracia » integrado por membros de uma organização terrorista.
Numa ironia cruel, Washington e a Aliança Atlântica estão a actuar em desobediência às suas próprias leis e regulamentos anti-terroristas.
Além disso, o apoio sob a « Responsabilidade de proteger » (« Responsibility to Protect », R2P) forças de oposição integradas por terroristas é implementado de acordo com a Resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU, o qual está a violar flagrantemente a Resolução 1267 do próprio CSONU. Este último identifica o Al-Jama’a al-Islamiyyah al-Muqatilah bi-Libya, o Grupo de Combate Islâmico da Líbia (LIFG) como uma organização terrorista.
Por outras palavras, o Conselho de Segurança da ONU está em flagrante violação não só da Carta das Nações Unidos como das suas próprias resoluções. ( The Al-Qaida and Taliban Sanctions Committee – 1267 ).
A rede Al Qaeda como instrumento de intervenção dos EUA-NATO
Amplamente documentada, a « Jihad islâmica » foi apoiada encobertamente pela CIA desde o desencadeamento da guerra soviético-afegã. (Ver Michel Chossudovsky, America’s War on Terrorism, Global Research, Montreal, 2005). A Central Intelligence Agency (CIA) utilizando a Inter-Services Intelligence (ISI) dos militares do Paquistão desempenhou um papel chave no treino dos Mujahideen. Por sua vez, o treino de guerrilha patrocinado pela CIA foi integrado com os ensinamentos do Islão:
« Em Março de 1985, o presidente Reagan assinou a Decisão Directiva de Segurança Nacional 166, … [a qual] autoriza um avanço na ajuda militar encoberta ao Mujahideen e deixava claro que a guerra secreta afegã tinha um novo objectivo: derrotar as tropas soviéticas no Afeganistão através da acção encoberta e encorajar a sua retirada. A nova assistência encoberta dos EUA começou com um aumento dramático nos fornecimentos de armas – uma ascensão firme para 65 mil toneladas anuais em 1987, … bem como um « fluxo incessante » de especialistas da CIA e do Pentágono que viajavam para a sede secreta do ISI do Paquistão na estrada principal próxima a Rawalpindi, Paquistão. Ali os especialistas da CIA encontravam-se com oficiais da inteligência paquistanesa a fim de ajudar a planear operações para os rebeldes afegãos ». (Steve Coll, Washington Post, July 19, 1992).
Origens históricas do Libya Islamic Fighting Group (LIFG)
O Grupo de Combate Islâmico da Líbia (LIFG), Al-Jama’a al-Islamiyyah al-Muqatilah bi-Libya foi fundado no Afeganistão pelo mujahideens veteranos líbios da guerra afegã contra os soviéticos.
Desde o início, na primeira metade da década de 1990, o LIFG desempenhou o papel de um « activo de inteligência » por conta da CIA e do serviço secreto de inteligência britânico, MI6. Arrancando em 1995, o LIFG esteve envolvido activamente numa Jihad islâmica contra o regime leigo líbio, incluindo uma tentativa de assassínio de Muamar Kadafi em 1996.
« O antigo operacional do MI5, David Shayler, revelou que enquanto estava a trabalhar sobre a secção da Líbia em meados da década de 1990, pessoal do serviço secreto britânico colaborou com o Grupo de Combate Islâmico da Líbia (LIFG), o qual está conectado da um dos lugares-tenentes de confiança de Osama bin Laden. O LIFG é agora considerado um grupo terrorista no Reino Unido ». (Gerald A. Perreira, British Intelligence Worked with Al Qaeda to Kill Qaddafi, http://globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=23957 Global Research, March 25 2011, sublinhado nosso)
Ataque terroristas em estilo guerrilha foram rotineiramente efectuados contra forças de segurança, polícia e pessoal militar do governo líbio:
« Choques violentos entre forças de segurança (de Kadafi) e guerrilhas islâmicas irromperam em Bengazi em Setembro de 1995, deixando dezenas de mortos em ambos os lados. Após semanas de combate intenso, o Grupo de Combate Islâmico da Líbia (LIFG) declarou formalmente a sua existência num comunicado em que chamava o governo de Kadafi de « regime apóstata que blasfemou contra a fé de Deus Poderoso » e declarava que o seu derrube era « o mais premente dever após a fé em Deus ». Este e os seguintes comunicados da LIFG foram emitidos por afegãos líbios aos quais fora concedido asilo político na Grã-Bretanha… O envolvimento do governo britânico na campanha do LIFG contra Kadafi permanece assunto de imensa controvérsia. A grande operação seguinte do LIFG, uma tentativa de assassinato de Kadafi em Fevereiro de 1996 que matou vários dos seus guarda-costas, foi dito posteriormente que fora financiada pela inteligência britânica ao custo considerável de US$160 mil, segundo o ex-oficial do MI5 David Shayler. Se bem que as alegações de Shayler não tenham sido confirmadas independentemente, é claro que a Grã-Bretanha permitiu ao LIFG desenvolver uma base de apoio logístico e levantamento de fundos no seu território. De qualquer modo, o financiamento por bin Laden parece ter sido muito mais importante. Segundo um relatório, o LIFG recebeu mais de US$50 mil do mentor terrorista saudita por cada um do seus militantes mortos no campo de batalha « . [2005] (Citado em Peter Dale Scott, Who are the Libyan Freedom Fighters and Their Patrons? Global Research, March 2011, sublinhados nossos).
Há informações contraditórios sobre se o LIFG é parte da Al Qaeda ou está a actuar como uma entidade jihadista independente. Um relatório sugere que em 2007 o LIFG tornou-se « uma subsidiária da Al Qaeda, assumindo posteriormente o nome de Al Qaeda no Maghreb Islâmico (Al Qaeda in the Islamic Maghreb, AQIM). (Ver Webster Tarpley The CIA’s Libya Rebels: The Same Terrorists who Killed US, NATO Troops in Iraq , Global Research, March 2011)
Continuidade nas operações de inteligência dos EUA e aliados: Operacionais da Al Qaeda na Jugoslávia
Desde a guerra soviético-afegã, a rede Al Qaeda tem servido como um « activo de inteligência » para a CIA. Como confirmado por um documento de 1997 do Senado dos EUA, operacionais da Al Qaeda foram utilizados pela administração Clinton para canalizar apoio para o Exército Muçulmano Bósnio no princípio da década de 1990. US Senate, Republican Party Committee, Clinton-Approved Iranian Arms Transfers Help Turn Bosnia into Militant Islamic Base, http://rpc.senate.gov/releases/1997/iran.htm , 1998)
O Exército de Libertação do Kosovo (KLA na sigla em inglês), o qual foi apoiado pela NATO, desenvolveu laços extensos com a rede de terror islâmico. ( US Senate, Republican Party Committee, The Clinton Administration Sets Course for NATO Intervention in Kosovo, 1998, http://rpc.senate.gov/releases/1998/kosovo.htm , Ver também Michel Chossudovsky, America’s « War on Terrorism » , Global Research, Montreal, 2005)
A Al Qaeda na Jugoslávia serviu como um activo de inteligência no contexto da « guerra humanitária » da NATO. Organizações terroristas foram encobertamente apoiadas e financiadas. A intervenção da NATO chegou para resgatar o Exército de Libertação do Kosovo (KLA) o qual era apoiado por operacionais da Al Qaeda. (US Republican Party Committee documents, op cit)
Isto faz parte do padrão EUA-NATO: Apoiar uma insurreição integrada por terroristas tendo em vista justificar intervenção com argumentos humanitários para « salvar as vidas de civis ».
Esta foi a justificação da NATO para intervir na Bósnia e no Kosovo. Que lições extrair para a Líbia?
Antigo chefe da inteligência líbia, Moussa Koussa, deserta para o Reino Unido
O LIFG era apoiado não só pela CIA e pelo serviços de inteligência britânico (MI6) como também por facções dentro da agência de inteligência da Líbia, chefiada pelo antigo responsável de inteligência e ministro dos Negócios Estrangeiros, Moussa Koussa, que desertou para o Reino Unido no fim de Março de 2011.
Em Outubro de 2001 o chefe da inteligência líbia Moussa Koussa encontrou-se com o secretário de Estado assistente dos EUA William J. Burns. O encontro Koussa-Burns foi de importância crucial. Estiveram presentes nas reuniões responsáveis superiores da CIA e do MI6 incluindo sir John Scarlett que naquele tempo (Outubro 2001) era o chefe do Joint Intelligence Committee (JIC) do gabinete, subordinado directamente ao primeiro-ministro Tony Blair. O JIC supervisiona em nome do governo britânico o estabelecimento de prioridades para o MI6, MI5 e Defense Intelligence.
Nosso homem em Tripoli, Moussa Koussa, devia desempenhar o papel de um agente duplo. Em reuniões secretas com sir John Scarlett acordou-se que « um agente britânico podia operar em Tripoli ». ( Libya defector Moussa Koussa was an MI6 double agent , Sunday Express, April 3, 2011)
O desenvolvimento do LIFG como um movimento paramilitar jihadista bem como a sua integração nas forças de oposição anti-Kadafi revela um relacionamento directo com o papel central desempenhado pelo agente duplo Moussa Koussa, o qual foi instrumental no estabelecimento de estreitos laços bilaterais com a CIA e o MI6.
A este respeito, a deserção de Moussa Koussa no fim de Março tem toda a aparência de uma operação cuidadosamente encenada. De um modo inabitual, o acordo foi negociado com o governo britânico através da intermediação de um antigo líder do LIFG, organização terrorista relacionada com a Al Qaeda, que agora está a trabalhar com uma fundação de direitos humanos com sede em Londres:
Noman Benotman, amigo do ministro líbio dos Negócios Estrangeiros Moussa Koussa, contou à BBC como ajudou a organizar a sua deserção do regime Kadafi.
O sr. Benotman foi líder do Libyan Islamic Fighting Group mas agora trabalha para o think tank contra-extremista da Quilliam Foundation .
Ele disse acreditar que o sr. Koussa estaria a negociar com o governo britânico e era muito cooperativo quanto a inteligência.
Gordon Corera da BBC acrescentou que o governo britânico estava num dilema sobre como tratar o sr. Koussa devido aos seus antecedentes como chefe da inteligência líbia.
O sr. Benotman contou no BBC Breakfast como ajudou Koussa a desertar e como costumavam ser rivais. ( BBC Breakfast April 1, 2011, sublinhado nosso)
Ironicamente, Benotman foi recrutado como Mujahideen para combater na guerra soviético-afegã. Ele foi um dos fundados do LIFG no Afeganistão. Centrando-se em questões de « contra-extremismo », Benotman é actualmente analista sénior na Quilliam Foundation. Suas responsabilidades actuais incluem estender a mão « para actuais e antigos extremistas e utilizar a Quilliam como uma plataforma a partir da qual partilha seu conhecimento interno da Al-Qaeda e outros grupos jihadistas junto a uma audiência mais vasta ».
O programa de contra-terrorismo da CIA
Os laços bilaterais estabelecidos em Outubro de 2001 entre a CIA-MI6 e a inteligência líbia proporcionaram às agências de inteligência ocidentais acesso directo e vigilância dentro da Líbia, através dos seus colegas pró EUA na agência de inteligência dirigida por Moussa Koussa. Este acordo permitiu à inteligência ocidental infiltrar efectivamente a Agência de Inteligência Líbia a qual estava sob o comando de um agente duplo do MI6.
Segundo o Departamento de Estado num relatório de 2008, o governo líbio « continuou a cooperar com os Estados Unidos e a comunidade internacional para combater o terrorismo e o financiamento terrorista ». « U.S. officials hope to extend counterterrorism assistance to Libya during FY2010 and FY2011…. » (Ver Christopher M. Blanchard Libya: Background and U.S. Relations , US Congress Research Service, July 16, 2010)
Em 2009 a inteligência líbia estabeleceu um programa conjunto de contra-terrorismo através do qual responsáveis da inteligência líbia receberiam treino da CIA em contra-terrorismo. Este programa fazia parte de um acordo negociado por Moussa Koussa com a CIA. Em teoria pretendia-se desmantelar o LIFG com a ajuda da CIA. Ter em consideração a ambiguidade do « contra-terrorismo » da CIA. O lançamento do LIFG no Afeganistão no princípio da década de 1990 fazia parte de um projecto da CIA de criar um exército líbio a partir da sua rede Al Qaeda.
Também em 2009, os líderes aprisionados do Libyan Islamic Fighting Group (LIFG) alegadamente renunciaram à sua luta armada travada contra o regime Kadafi num acordo alcançado com responsáveis da segurança líbia. ( New jihad code threatens al Qaeda , CNN, November 2009)
Qual era o papel do programa de contra-terrorismo EUA-Líbia na perspectiva de Washington?
Oficialmente, era identificar membros do LIFG e desmantelar o LIFG como organização. Na prática, a operação conduzida pelos EUA na Líbia, incluindo treino sob os auspícios da CIA, proporcionava à agência uma cortina de fumo conveniente para efectuar operações de inteligência dentro da Líbia. Por um lado o programa de treino permitiu à CIA infiltrar e adquirir interlocutores confiáveis dentro da inteligência líbia.
Também permitiu à Agência, em conjunto com o serviço secreto de inteligência britânico (MI6), proporcionar realmente apoio encoberto ao LIFG na expectativa da insurreição armada de Março de 2011.
Os media sugerem que o LIFG foi desmantelado (a seguir à implementação do programa de contra-terrorismo patrocinado pela CIA). Não há prova disso. O LIFG permanece na lista de terroristas (actualizada até 24/Março/2011) do Conselho de Segurança das Nações Unidas:
QE.L.11.01. Name: LIBYAN ISLAMIC FIGHTING GROUP
Name (original script):
A.k.a.: LIFG F.k.a.: na Address: na Listed on: 6 Oct. 2001 (amended on 5 Mar. 2009)
Other information: Review pursuant to Security Council resolution 1822 (2008) was concluded on 21 Jun. 2010
United Nations Security Council: Consolidated List established and maintained by the 1267 Committee with respect to Al-Qaida, Usama bin Laden, and the Taliban and other individuals, groups, undertakings and entities associated with them (updated March 24, 2011)
(p. 70, http://www.un.org/sc/committees/1267/pdf/consolidatedlist.pdf , De acordo com as regras do CSONU, organizações terroristas desmanteladas são removidas da lista em conformidade com um procedimento de deslistagem. O LIFG não foi removida da lista)
Armas e apoio encoberto a rebeldes do LIFG
Há indicações de que a CIA e MI6 continuam a proporcionar apoio encoberto ao LIFG, o qual agora constitui a linha de frente da insurreição armada contra o regime Kadafi.
Hakim al-Hasidi, o líder rebelde líbio, disse que jihadistas que combateram contra tropas aliadas no Iraque estão na linha de frente da batalha contra o regime de Muammar Kadafi.
… O sr. al-Hasidi insistiu em que os seus combatentes « são patriotas e bons muçulmanos, não terroristas », mas acrescentou que os « membros da al-Qaeda também são bons muçulmanos e estão a combater contra o invasor ». (Libyan rebel commander admits his fighters have al-Qaeda links, Daily Telegraph, March 25, 2011, italics added)
Abdul Hakim Al-Hasadi é o líder do LIFG que recebeu treino militar num campo de guerrilha no Afeganistão. Ele é o chefe de segurança das forças de oposição num dos territórios mantidos pelos rebeldes, com cerca de 1000 homens sob o seu comando. ( Libyan rebels at pains to distance themselves from extremists – The Globe and Mail » , March 12, 2011)
Estão a ser canalizadas armas para o LIFG a partir da Arábia Saudita, a qual historicamente, desde o início da guerra soviético-afegã, apoiou a jihad islâmica. Os sauditas estão agora a abastecer os rebeldes, em ligação com Washington e Bruxelas, com rockets anti-tanque e mísseis terra-ar.
Desinformação dos media: Terroristas islâmicos aderem ao Movimento Pró Democracia « a título pessoal »
O almirante James Stavridis, Comandante Supremo dos Aliados da NATO na Europa, reconheceu tacitamente que a « inteligência americana havia detectado « lampejos » de actividade terrorista entre os grupos rebeldes ». « Muito alarmante »… Mas não estamos a tratar de « lampejos ». Os combatentes do LIFG constituem o esqueleto da insurreição armada.
Os media ocidentais também exprimiram preocupação, se bem que insistindo em que os jihadistas são « antigos » membros do LIFG que aderiram à luta armada « a título pessoal » e não como membros da organização terrorista. Conforme Benotman numa entrevista à CNN:
… Dúzias de antigos combatentes do LIFG aderiram agora aos esforços rebeldes para derrubar Kadafi, mas asseverou que fizeram-no a título pessoal e não como grupo organizado.
Alguns responsáveis ocidentais em contra-terrorismo preocupam-se em que uma guerra civil prolongada na Líbia possa abrir espaço para a Al Qaeda. Governos e ONGs têm de ser rápidas, afirma Benotman, em ajudar a desenvolver educação, cuidados de saúde e instituições democráticas em áreas mantidas pelos rebeldes. (Paul Cruickshank e Tim Lister, Libyan civil war: An opening for al Qaeda and jihad? CNN , March 23, 2011)
Uma organização terrorista relacionada com a Al Qaeda integra o movimento pró democracia líbio? Desde quando terroristas actuam como indivíduos « a título pessoal »?
Mas o LIFG como entidade e também os seus membros individuais são classificados pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas como terroristas de acordo com a Resolução 1267 do CSON. ( The Al-Qaida and Taliban Sanctions Committee – 1267 )
« Nosso homem em Tripoli »
Antigo chefe da inteligência líbia, Moussa Koussa desempenhou um papel na canalização de apoio encoberto ao LIFG por conta dos seus colegas dos serviços de inteligência ocidentais.
O ex-director da CIA George Tenet, se bem que sem se referir explicitamente ao « Nosso homem em Tripoli », reconheceu na sua autobiografia de 2007 que « o relaxamento de tensões com a Líbia [foi] um dos maiores êxitos do seu mandato, pois levou à cooperação entre as duas agências de espionagem contra a al-Qaeda ». (citado em Intelligence Partnership between Qadhafi and the CIA on counter-terrorism , op cit)
Moussa Koussa era o « Nosso homem em Tripoli ». As circunstâncias da sua deserção, bem como o historial da sua colaboração com a CIA e o MI6, sugerem que, pelo menos durante os últimos dez anos, ele esteve a servir interesses dos EUA e aliados, incluindo o planeamento da insurreição armada « pró democracia » na Líbia Oriental.
Já não deveria haver dúvida: A aliança militar ocidental está a apoiar uma rebelião integrada por terroristas islâmicos em nome da « guerra ao terrorismo ».
Quem são os terroristas? Numa torção amarga, enquanto a jihad islâmica é caracterizada pela administração dos EUA como « uma ameaça à civilização ocidental », estas mesmas organizações islâmicas, incluindo o Libya Islamica Fighting Group (LIFG) constitui um instrumento chave das operações militares e de inteligência dos EUA na Ásia Central, no Médio Oriente e no Norte de África, sem mencionar as repúblicas islâmicas da antiga União Soviética.
03/Abril/2011
O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=24096
Este artigo em português encontra-se em http://resistir.info/ .