Print

Os que sabotaram o gasoduto South Stream
Par Manlio Dinucci et Tommaso Di Francesco
Mondialisation.ca, 18 juin 2014
ilmanifesto.it
Url de l'article:
https://www.mondialisation.ca/os-que-sabotaram-o-gasoduto-south-stream/5387362

O governo búlgaro anunciou no domingo que tinha interrompido o trabalho de construção do South Stream, Torrente Sul, o gasoduto que deveria transportar o gás russo para a União Europeia, sem passar pela Ucrânia. “Eu dei ordens para parar o trabalho – disse o primeiro ministro, Plamen Oresharski. Nós decidiremos o que fazer depois das consultações que teremos com Bruxelas”. Nesses últimos dias o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, anunciou a abertura de um procedimento da União Europeia contra a Bulgaria, por suspeita de irregularidades nos chamados às ofertas para o South Stream. Três dias antes da decisão do assunto, em 5 de junho, a direção do Partido Socialista búlgaro, que apoia o governo Oresharki, deu por certo que o trecho búlgaro do gasoduto seria construído apesar da exigência de Bruxelas para que o projeto fosse suspendido. “Para nós esse projeto é de uma importância vital”. sublinhou o vice-presidente da Comissão Parlamentar para a energia, Kuiumgiev. O presidente da Câmara de Construtores declarou por sua vez que “o South Stream é como o oxigênio para as empresas búlgaras”.

O que foi que se passou? O projeto foi concebido de quando, em novembro de 2006, (durante o governo Prodi II), a empresa russa Gazprom e a italiana Eni assinaram um acordo de associação estratégica. Em junho de 2007 o ministro de desenvolvimento econômico, Pierluigi Bersani, assinou com o ministro russo da indústria e energia o memorando do acordo para a realização do South Stream. De acordo com o projeto, o gasoduto sera constituido de um trecho submarino de 930km atravessando o Mar Negro (em águas territoriais russas, búlgaras e turcas) e por um trecho terrestre a atravessar a Bulgária, Sérbia, Hungria, Slovênia e Itália, essa última em Tarvisio (Provîncia de Udine). De 2008  a 2011 foram concluidos todos os acordos inter-governamentais com os países de passagem do South Stream. Em 2012 entraram também na associação, através de ações para financiamento do projeto para a realisação do trecho submarino, a companhia alemã Wintershall e a francesa Edf, que adquiriram 15% cada, de quando a Eni (que cedeu 30%) deteu 20%, e a Gasprom 50% das ações. A construção do gasoduto começou em 2012, com o objetivo de lançar o fornecimento de gás em 2015. Em março de 2014, Saipen (Eni) recebeu um contrato de 2 bilhões de euros para a construção do primeiro trecho do gasoduto submarino.

Contudo, no meio tempo arrebenta a crise ucraniana, e os Estados Unidos fazem pressão sobre os aliados europeus para que esses reduzam as suas importações de gás e de petróleo russo, os quais constituem cerca de 1/3 das importações energéticas da União Europeia. O primeiro objetivo dos Estados Unidos (escrevemos em 26 de março – veja [1] : impedir a realização do South Stream. Para isso Washington exerceu uma esmagadora pressão sobre o governo búlgaro. Primeiro o governo estadunidense criticou a Bulgária por ter confiado a construção do trecho búlgaro do gasoduto a um consórcio no qual faz parte a companhia russa Stroytransgaz, que está sujeita a sanções estadunidenses. Num tom de chantagem a embaixadora estadunidense em Sofia na Bulgária, Marcie Ries, declarou : “Nós advertimos os homens de negócios búlgaros que evitem de trabalhar com as companhias sujeitas a sanções por parte dos Estados Unidos”. O momento decisivo chegou no domingo passado em Sofia, quando o senador estadunidense John McCain, acompanhado por Chris Murphy e Ron Johnson encontraram o primeiro ministro búlgaro, para lhe transmitir as ordens de Washington. Imediatamente depois, Plamen Oresharski anunciou o bloqueio do trabalho do South Stream.

Isso é emblemático e simbólico : Um projeto de grande importância econômica para a União Europeia foi sabotado não só por Washington mas também por Bruxelas, e isso pelas próprias mãos do presidente da Comissão Europeia. Nós queremos saber o que o governo Renzi pensa disso, uma vez que a Itália – como preveniu Paolo Scaroni, o número 1 da Eni – perderá contratos de bilhões de euros se o projeto South Stream for levado a sua sepultura.

Manlio Dinucci

Tommaso di Francesco

 

Edição de terça-feira 10 de junho de 2014 do il manifesto

http://ilmanifesto.info/chi-ha-sabotato-il-gasdotto-south-stream/

Traduzido por Anna Malm, artigospoliticos.wordpress.com, por Mondialisation.ca

 

[1] « Le véritable agenda d’Obama », Manlio Dinucci et Tommaso Di Francesco, 26 mars 2014.

 

Avis de non-responsabilité: Les opinions exprimées dans cet article n'engagent que le ou les auteurs. Le Centre de recherche sur la mondialisation se dégage de toute responsabilité concernant le contenu de cet article et ne sera pas tenu responsable pour des erreurs ou informations incorrectes ou inexactes.